quarta-feira, novembro 09, 2005

[náusea de vinho]

assim: [ argh ] todo ele me redime. não, ele não me redime com sua força de fuga / ele es-ca-pa; não escapa. fica preso na taça / vermelho; vai chorar lá no estômago. e que cansaço dá não parar nunca de rodar de pés descalços no piso do banheiro, eu piso na poça de estômago e o teto me censura. de cima o teto respingando as formas, o teto molhado de prazer e mesmo assim me censura / reprimido; no formato de parede, enquadrado. podia ser chão o teto / eu piso nele / esse teto podia ser lado. mas a superfície lisa branca intacta não se deixa corromper nunca. e o líquido todo ele me redime, me lambe a língua, o céu da boca, o esôfago, acaricia e seca lá. seca? me auto-resgato, então. me auto-resgato com culpa sem culpa com culpa. não me auto-resgato. eu morro encostada no espelho / parede esquerda / (cor de) coração.